quarta-feira, 28 de julho de 2010

But they took away the meaning, Alice!

Acho que tenho a mania não propriamente sadia ou positiva de aplicar conceitos, ideias e frases em contextos que não são aqueles em que/para que foram criados. Citações de filmes, trechos de livros, acabo enrolando tudo que vem de fora junto com o que vem de dentro, misturando em um novelo que é o que dá pra se chamar de "minha concepção de mundo".
Pois, no momento, insone, quero discorrer longa e tediosamente (como sempre) sobre meaning. Paradoxalmente, o significado de meaning.

A frase estampada no título deste texto é de "I'm not there", ou "o-filme-do-bob-dylan", que dá na mesma. Além dessa frase, vou me apropriar de outras ideias e outros temas contidos no filme, só porque gosto das metáforas e das explicações que eu vi ali.
Eu diria que esse trecho por si próprio, dentro do filme, tem uma importância minúscula. No entanto, como eu disse, eu tenho uma (i)lógica própria pra aplicar as coisas que eu absorvo. Assim, eu seguidamente me lembro dessa frase, do jeito que ela é dita, e pouco me importa o que significa dentro da cena "tal". O que me importa é perceber como muitas vezes they really take away the meaning!

Mais claramente, como aquela manifestação que um dia inspirava gostos, despertava aromas e dava calafrios, de repente se torna algo banalizado - para dizer no mínimo. Isso aconteceu com todas as nossas revoltas. As revoltas nossas, dos jovens, das pessoas que têm que fazer revoltas.
O que diabos um dia significou colocar um tênis sujo e velho, um jeans rasgado, uma camiseta amassada de uma banda barulhenta e se sentar em grupo, fumando substâncias lícitas ou não, discutindo desde o gosto do suco do Restaurante Universitário até o futuro das instituições humanas, políticas e familiares - se é que significou algo... Claro, pra mim a questão não é se significou algo, porque pra mim significou, e ainda significa.

O meu protesto velado às cagadas do mundo pode muito bem ser simplesmente me abster da discussão em seu cume, voltando ao cerne da questão, voltando às origens, que são o centro do tema. Talvez filosofar vagamente sobre temas que flutuam sempre um centímetro acima da nossa cabeça seja mesmo um meio, ainda não um fim. Talvez sair do materialismo da discussão e voltar um passo ou dois permita-nos enxergar melhor. O meu protesto é de dentro, mas se reflete fora. Ao me vestir diferente, ao agir diferente, eu externalizo que não compactuo com as asneiras que meus colegas sapiens-pero-no-mucho andam por aí cometendo. E aí a paz de espírito. Eu gritei pro mundo todo: eu não estou lá.

Seguro do meu protesto, contente com a minha mente livre e combativa, ando com minhas roupas que são, digamos, o atestado, não o protesto em sim.
Passam-se os anos, e o "alternativo" torna-se o convencional. O normal é querer ser diferente. O legal é ser hippie. O legal é parecer triste (que é originalmente outro protesto, pode-se dizer). O legal é vestir um protesto e tirá-lo pra colocar o pijama e dormir.

Onde foi parar o meu protesto, onde está aquele pedaço de roupa simples que atestava a minha indignação e a minha presença de espírito?

O protesto foi engolido pelo sistema e vomitado em forma de consumo.

Agora, eu não preciso mais ser hippie, eu posso consumir hippie. Eu posso consumir gótico. Posso consumir punk. Posso consumir qualquer manifestação. Posso tirar todo o significado de tudo, diminuindo a essência à capa. Um dia foi uma laranja vistosa, orgulhosa de sua bela casca que dizia o quão suculenta era. Até o dia que as mais podre laranjas - e até mesmo maçãs! Bananas! Melancias! - adquiriram o direito de vestir a sua casca.

E agora? O desafio é criar significado numa época de desapego, de desinteresse e de deprimente individualismo. Pois um significado só surge com um grande apego, que o construa; um grande interesse, que o mantenha; e um senso coletivo, que o propague.
Contrua uma ideia, crie um significado, mesmo que seja só pra você. Talvez começar uma revolução interna seja o primeiro e mais difícil passo. Talvez querer mudar os outros seja inerente ao nosso espírito conquistador; mas eu rogo, comece as mudanças em você mesmo.

Happiness is an elephant gun

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground


Olhando pela janela, eu pensei animado "eu poderia morrer agora; poderia explodir em mil pedaços - e eu morreria feliz", mas de súbito, epifanicamente, aprendi que muito mais justo/útil/formidável é estar tão feliz não a ponto de morrer, mas feliz a ponto de suportar a vida:
eu estou tão feliz, que suportaria a vida toda por ti.

Let the seasons begin...

E lá fomos nós, voando...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

e é

E eu que demorei tanto
pra me tornar eu mesmo
me sinto agora estranho
por não saber quem sou

quinta-feira, 8 de julho de 2010

blablabla

Tudo pesa.
Toneladas.

(o lado bom é que tudo tem o potencial de sumir e me deixar sentindo leve...)