quarta-feira, 28 de outubro de 2009

o conciso, a hermética, e o fim-do-nada

Tudo que um dia quis foi te libertar, foi fazer com que tu te tornasses livre, bela, segura e independente. Tudo que é livre é mais belo; tudo que é seguro de si é mais livre; tudo que é independente se torna mais seguro...
Mas se tu gostas da tua prisão, quem sou para dizer que estás errada? Pois que se dane a minha certeza, se a tua te cega a ponto de não me entender...

Não quis te aprisionar, não.
Desejava-te puro amor, não posse ou inveja.
Queria-te amada e querida - como sempre serás.
Eu sou quem tu és. Eu sei quem tu és - nós somos o mesmo, só que eu sei o que eu sou, eu sei o que eu quero, e eu sei como eu vou conseguir.
E, juro, pelo ar que respiro: eu vou conseguir - quando parar de pensar em ti e por ti.

E, quando o dia chegar (e falta pouco, creia), eu vou rir. Vou rir; liberto, sincero, honesto. Não, eu vou gargalhar, vou ter contrações, vou espumar. Vou ser eu - sem ti, só eu.
Vou ser todo amor - para mim. Vou ser todo ouvidos - para mim. Vou ser todo olhos, pêlos, nariz, mente, corpo e coração - para o mundo e para mim, é bem verdade.
Terás perdido, então, a chance de ter a mais fantástica saída, o mais maravilhoso desatino, o mais extraordinário surto - uma paixão correspondida.

Pois se uma carta não é uma carta se não a assinamos e não a endereçamos,
então sou tua consciência, e tu és o coração.
Eu sou quem pensa, quem entende e quem nos mexe,
tu és quem nos prende neste morno eterno - neste mar torturantemente pacífico e repetitivo.

A culpa é tua! - o azar que é meu.
O futuro, que era nosso - de quem o queria,
Simplesmente foi-se, morreu;
O presente é que se impõe, dia após dia...
Desisti, desfaleci sob a porta fechada,
Que segue fechada, coitada.


E o conciso sou eu, a hermética é ela, e o fim é do nada
Pois nada houve, nada consta.
Houve amizade, houve conversa,
Houve paixão, e uma paixão perversa!
Houve amor, um proto-amor de proveta,
Amor que será esquecido no fundo de uma gaveta
É o fim, o fim do nada, o fim de tudo-que-poderia-ter-sido-e-não-foi
Mas nada houve, nada consta.

domingo, 18 de outubro de 2009

And now I'm losing you
And it's killing me.
It's the strings that I tie,
I would rather just die,
Go to hell and crawl back
Than let it all go...

herança, lembrança - e a última instância

cave um buraco. o mais fundo que puder.
entre no buraco.
peça para alguém de confiança para encher o buraco de areia.
tente convencer alguém de confiança a fazer isso.
desista e pague alguém que não é de confiança para fazer isso.
pague, agora, alguém de confiança, que não vá fugir com seu dinheiro.

espere até a última pá de areia cobrir o seu rosto.
tussa areia, asco, barro e ódio, enquanto pensa que devia estar bem longe.
asfixie enquanto lembra de todas as coisas doces que já comeu.
sofra das dores mais terríveis enquanto lembra da sua primeira briga, do seu primeiro beijo, da primeira vez que pegaram sua mão...
desmaie lembrando de todas as vezes que sentiu que amava alguém.
morra devagar, desejando a vida.
morra devagar, desejando mais uma chance.
morra devagar, sofrendo cada segundo - como achava que havia sofrido.

é isso que dá querer ser maior que a vida.

eu mudo

eu-não-minto, eu-só-sinto ora-com-o lado-de-cá, ora-com-o lado de-lá-do-coração.

sábado, 17 de outubro de 2009

Foolish Dylanish

I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you,
I wasn't born to lose you;

I want you, I want you, I want you so bad...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

punção cerebral

Não me arrependo, nem me permitirei arrepender.
Mudei meus conceitos e são estes que apresento os que vieram para ficar. Sou essa pessoa - diferente da de ontem, e diferente da de amanhã.

MORRERIA hoje; como morreria quando me engasgo em angústia. Mas morreria de nada, de marasmo, afogado num oceano parado.

O inferno deve ser um lugar chato, molhado, quente e cheio de gente que nem eu.

Eu quero correr, pular, beijar, cantar, amar, sorrir, ser feliz e morrer feliz. E faço isso todo dia. Eu não gosto disso.

Certo ou errado, o fato é que foi consumado, foi realidade e não se há de pensar mais sobre isso - mas se há de repetir.

Não se assuste com tudo isso: é só o tempo que demorou a queda de uma pedra jogada de muito alto em um poço muito fundo. Uma pedra que bate em um baque prolongado, cheio de reverberações e de mudanças sutis nas nuances sonoras, cheio de gritos escondidos, cheio de pedidos indiretos e sussurrados, cheio de vida, cheio de morte, cheio de amor - o que eu chamo de poesia. Cinza, poesia cinza, úmida e sutil. Mas ainda poesia.