quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A Figueira

Casei-me há dois anos, dois meses e dois dias. Com uma Árvore na frente de casa.
Certamente, o primeiro casamento realizado à sombra da noiva.

Os poucos convidados espalharam-se pelo perímetro coberto pelos ramos da Figueira:
Meu Vira-Lata, de fraque; duas Galinhas (que tiveram a atenção chamada, pela algazarra); os três filhotes de Gato que eu achara duas semanas antes, num cesto; uma Joaninha - que alguns afirmam ter ido embora junto com um Besouro muito colorido; meu irmão, ainda dentro das fraldas.

O cheiro de mato queimado pelo sol ainda restava no ar, quando nos prometemos amor eterno, na saúde e na peste, na colheita e na seca. E quando o Gambá, fazendo vezes de padre, perguntou se alguém ali presente tinha a dizer algo que impedisse aquele casamento, foi que minha mãe chamou de dentro da casa para o almoço.

Casei-me há dois anos, dois meses e dois dias. Com uma Árvore na frente de casa.
Com tudo que tem fora de casa.
Comigo.