Eu vinha de ônibus. Encolhido de frio, passei a manga do casaco na janela para enxergar lá fora. Foi quando olhei pra dentro.
Olhei pro meu assento. Lugar de sentar. Que horror!
O ônibus parou. Na parada do ônibus, desci.
Olhei para a avenida. De indas e vindas. Desespero.
Em um só olhar, mirei.
Pessoas, coisas, lugares!
Lugares. Funções para lugares.
Não havia lugares sem função e nem funções sem lugar determinado.
O café na xícara. O pires na mesa. O homem na cadeira. A cafeteria do bairro chique.
Sem conseguir me identificar com esse mundo, corri para a calçada.
Uma manada de sapatos, todos bem calçados, passava veloz.
Aquele dia, caminhei descalço pela calçada.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
virei item sem preço
Eu era anel.
Passava de dedo em dedo,
Até que me prendi no teu.
- deixei de ser adereço.
Passava de dedo em dedo,
Até que me prendi no teu.
- deixei de ser adereço.
que cinza
O que você guardou de mim,
Depois de fechar a mala, bater a porta e acenar da janela do táxi?
O que você levou de mim,
Depois de dar adeus, abraçar, dar adeus de novo e ir embora, sem parar de olhar pra trás?
O que você deixou pra mim,
Depois de me ver, me olhar, me conhecer, me provar e me aprovar - pra depois se despedir?
O que eu sou/eu fui? Nós somos/nós fomos?
Se somos, como ainda somos? E se fomos, por que não mais somos?!
E afinal, quem é essa pessoa
aqui do meu lado, vestida com minhas roupas, que resiste a ir embora? - apesar de já ter ido...
Depois de fechar a mala, bater a porta e acenar da janela do táxi?
O que você levou de mim,
Depois de dar adeus, abraçar, dar adeus de novo e ir embora, sem parar de olhar pra trás?
O que você deixou pra mim,
Depois de me ver, me olhar, me conhecer, me provar e me aprovar - pra depois se despedir?
O que eu sou/eu fui? Nós somos/nós fomos?
Se somos, como ainda somos? E se fomos, por que não mais somos?!
E afinal, quem é essa pessoa
aqui do meu lado, vestida com minhas roupas, que resiste a ir embora? - apesar de já ter ido...
domingo, 19 de junho de 2011
dizia
Sobre as pegadas, dizia que eram passado marcado na areia de sua praia.
Sobre as idéias, que não se podia tocá-las, mas que se podia sonhá-las - e que já era o bastante.
Sobre as pessoas, que eram quase todas invisíveis.
Sobre mim... dizia que eu era igual a ela.
Sobre as idéias, que não se podia tocá-las, mas que se podia sonhá-las - e que já era o bastante.
Sobre as pessoas, que eram quase todas invisíveis.
Sobre mim... dizia que eu era igual a ela.
sábado, 11 de junho de 2011
aqui
Olho nos teus olhos. E tu olhas para mim. Movo-me um pouco para a esquerda. Teu rosto permanece imóvel, mas teus olhos ainda olham para mim.
Passo a ponta dos dedos na tua boca. Para meus dedos, são teus lábios que os acariciam. Minha mão, suavemente, recai sobre teu rosto. Navega, como um barco em um mar tranquilo. A boca, os dentes, o nariz, a testa, os olhos, os cílios... Enxergo, com a ponta dos dedos, cada detalhe do teu rosto.
Uma lágrima cai dos meu olhos. Em cima da tua foto.
Passo a ponta dos dedos na tua boca. Para meus dedos, são teus lábios que os acariciam. Minha mão, suavemente, recai sobre teu rosto. Navega, como um barco em um mar tranquilo. A boca, os dentes, o nariz, a testa, os olhos, os cílios... Enxergo, com a ponta dos dedos, cada detalhe do teu rosto.
Uma lágrima cai dos meu olhos. Em cima da tua foto.
domingo, 5 de junho de 2011
mordida de tigre
Voltei com uma mordida.
Morderam-me.
Minha pele chora gotículas de sangue, como quem chora de tristeza. E quem choraria de tristeza?
Curativos, esparadrapos, sprays, bandagens e beijinhos de 'vai-ficar-bom'.
A pele cicatriza - tão rápido, que já estou com saudade da minha mordida.
(e se um dia a cicatriz sumir,
vem me morder de novo)
Morderam-me.
Minha pele chora gotículas de sangue, como quem chora de tristeza. E quem choraria de tristeza?
Curativos, esparadrapos, sprays, bandagens e beijinhos de 'vai-ficar-bom'.
A pele cicatriza - tão rápido, que já estou com saudade da minha mordida.
(e se um dia a cicatriz sumir,
vem me morder de novo)
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Livres
Livre pra lembrar,
Se não quiser esquecer.
Livre pra andar,
Mas querer permanecer.
Livre pra acabar,
Mas insistir em insistir.
Livres.
Se não quiser esquecer.
Livre pra andar,
Mas querer permanecer.
Livre pra acabar,
Mas insistir em insistir.
Livres.
ecoar
Um cheiro frio no ar - o ar
E seu vento seco cortante... - antes
Da lua luar - uar
No banco da praça - passa
Ela.
E eu a admirar - mirar.
Sem nada fazer - azer
Azar.
Não fiz.
E seu vento seco cortante... - antes
Da lua luar - uar
No banco da praça - passa
Ela.
E eu a admirar - mirar.
Sem nada fazer - azer
Azar.
Não fiz.
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