terça-feira, 29 de setembro de 2009

PRO INFERNO

pensei em escrever algo, aí primeiro pensei "não, não vai sair nada bom. e como eu não tenho filtro, vou publicar um troço ruim e sem pé nem cabeça".

mas depois fui me acostumando à idéia, e logo cheguei à conclusão que a minha falta de filtro talvez seja apenas uma condição inerente ao fato de que tudo que eu escrevo é sincero e é visceral. Tudo tem meu cheiro, meu sangue e minha mão. Tudo que eu faço sou eu escrito, desenhado, cantado. Tudo que é eu faço é ruim, mesquinho, egoísta, estúpido, impulsivo e repugnante, como eu.
Tudo que eu faço, eu faço sem pensar, sem olhar para os lados, sem criticar e sem repensar. O que e eu fiz está feito e eu não me arrependo - porque eu sou tremendamente orgulhoso, o que de certa forma me torna ainda mais repugnante.

Pro inferno com tudo isso, eu sou quem eu sou e hei de ser aceito por quem quer que seja. E por "aceito" subentenda-se todo o resto.
Pro inferno com a modéstia. Eu sou genial e vou morrer em um caixão dourado, pago por outrem, já que morrerei pobre e infeliz. Amargurado pela desimportância conferida aos meus dizeres. Desgraçado pela miséria moral do meu mundo. Enojado pelos pedaços que escorrem do teto, remanescentes do pouco que sobrou do idealismo, da pureza e da liberdade. Caem como carne putrefeita aos meus pés.

Pro inferno com a vida e a morte - eu estou acima disso.
Decido que serei o que nasci para ser, e pro inferno quem duvida - são todos doentes e perecerão à primeira chuva de iluminação conferida pela sabedoria, pela experiência e pelas palavras (que são, afinal, as mais puras porém deturpadas ferramentas da humanidade).

Não saiu nada bom, mas eu vou publicar esse troço ruim sem pé nem cabeça pelo simples fato de eu não ter filtro e de eu gostar de dizer "pro inferno com...".
Pro inferno com o filtro e o inferno.

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