Hoje estou decidido.
Levanto e tomo papel e caneta.
Prepararei minha última mensagem a todos que se importarem o bastante para lê-la.
Penso em ti. Penso no teu rosto (em quão longe do meu ele está). Penso na tua voz (ela que ecoa no meu consciente e perturba meu inconsciente). Teus olhos, teu cabelo, tudo. É... É melhor assim. Escrevo.
"A morte não me assusta. A idéia de não mais ser me é quase indiferente. Não será, portanto, o medo a me impedir. Se algo de fato me impedir, será a réstia de coragem - coragem de viver. Sou, então, duplamente corajoso? Corajoso frente à morte, corajoso frente à vida?
Se assim fosse, não estaria a escrever e a me encerrar.
Talvez a questão não seja de coragem e covardia, mas de desejo. Não tenho medo de montanhas - nem por isso escalarei uma. Não temo a vida - nem por isso manterei acesa sua chama.
Partirei, e isso já é uma certeza.
É triste que não me cause tristeza.
Não julguem minha covardia, pois ela faz parte de um modo diferente do vosso de encarar o mundo. É uma opção, tomada por alguém que optou por viver de um jeito e agora opta por morrer de um jeito.
Nunca me neguei um beijo ou outro prazer comparável. Nunca neguei um afago ou uma palavra doce. Não tive medo de amar e de expressar amor. Não tive medo de ser iludido ou de ser invejado. Apenas vivi do modo que julguei ser o certo e, agora, do alto dessa colina, olho para trás com orgulho. Afinal, certo ou errado, é o caminho que escolhi e me trouxe frutos. Longe ou perto, cheguei a algum lugar, e foi graças a minhas escolhas.
Minha sinceridade era gritante. Eu não mentia. Não mentia para mim, não mentia para os outros. Há meses, talvez anos, não minto.
E contigo não foi diferente. Não menti para ti. Fui sincero como uma criança e disse as maiores verdades da minha vida. Sim, sim, ainda te acho fantástica.
Queria-te do meu lado. Faria de tudo (tudo, tudo) por isso. Mas tu desististe de mim. Tiveste medo do vento e da chuva. Do frio e das nuvens negras. Tudo que eu não temo. Tudo que sou.
Sem ti, não tenho o porquê de ser. Não sei e não quero saber. Viver te amando sem te ver/ter é não-viver. E de quase-vivos já me bastam os que eu critiquei por tanto tempo. Não têm razão de ser; pois também não tenho. Que sou? Coadjuvante da vida de alguém brilhante. Que morra então.
Que morra pois, sem ti, me resta o que é supérfluo - e não é com o supérfluo que quero conviver.
Que morra, pois, sem ti, nada faz sentido - e nem quero que nada faça sentido.
A simples visão do teu rosto me inquieta. Teu nome, dito num sonho, me faz acordar, palpitante e desesperado. Estou desesperado por ti. Por tua voz, teu cabelo, teu rosto...
Droga!
Só de pensar em ver teu rosto de novo, tal carta já não tem mais propósito.
Morrer seria abrir mão de chance de te ver, mesmo que de longe. E se é tudo que eu posso ter, que o seja.
I''ll get you in the end."
Amasso minha quase-vida e a jogo no lixo, de onde ela fica me olhando e caçoando.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
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Um dos melhores até agora. Amei! Espero por mais... :) Beijo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNem li
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