sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

sorrisos, feijões e ano novo

A lua brilhava timidamente amarelada, ao fundo. Os entusiasmados fogos de artifício pipocavam no céu, tingindo-o com suas cores bobas: enormes flores vermelhas, roxas, azuis - nada que fizesse sentido para ela.
Sentou-se na beirada da cama, olhou pela janela com uma tentativa de meio-sorriso. Lembrou-se que ninguém estava ali para vê-lo. Desarmou o sorriso.
Como se não conhecesse o próprio quarto, olhou ao redor; tentava lembrar-se, por puro tédio, do porquê de cada móvel, a história de cada prateleira, o momento de cada retrato, o motivo de cada papel colado na parede... Sorriu um pouco mais sinceramente ao se dar conta de que ou tudo aquilo fazia sentido, ou nada fazia.
Afundou-se em seu livro de capa larga, que praticamente a escondia atrás de suas páginas. Talvez gostasse disso.

Horas depois, o foguetório já havia diminuído. Os olhos cansados, o corpo pesado, decidiu dormir. Conferiu seus fiéis feijõezinhos: ainda estavam ali, na mesinha ao lado da cama. Um, dois, três feijões (ela os contou mentalmente, com cuidado). Não era dada a acreditar em simpatias, mágicas ou milagres, mas a comicidade daqueles singelos feijõezinhos conquistara sua simpatia. Guardou-os dentro do sutiã (não sem antes olhar em volta, um pouco apreensiva), desejou-lhes um feliz ano novo e embalou-se em um sono tranquilo.

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