domingo, 6 de março de 2011

cliente exigente

Passei na frente de um bar. Bar é demais: boteco. Passei na frente de um boteco.
Um boteco com cheiro de boteco: aquele aroma característico de cerveja derramada no chão e jamais limpa.
O azulejo da parede do boteco era daquele branco-geladeira (ou o que a maioria das mulheres define como "gelo", mas que os homens são incapazes de diferenciar de "branco"), amarelado pelo tempo e pelas infinitas tragadas de cigarro de seus frequentadores.
O chão era um mero concreto, sobre o qual não se tivera sequer o cuidado de colocar um piso.
O único cuidado ali era com a mesa de sinuca: sob os pés da mesa, pedaços de pano para não danificar a madeira. Sob um dos pés da mesa, ainda um pedaço dobrado de jornal, para compensar o chão que era torto.
Uma televisão, cuja sintonia era auxiliada por um pedaço velho e enferrujado de esponja de aço, mostrava um jogo de futebol da segunda divisão do campeonato estadual.

O boteco tinha cheiro, aura e alma de boteco.
O boteco sorriu para mim.

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