quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A Razão

Nascido nas profundezas das mais escuras emoções; criado no seio da insegurança. Teve suas feridas lambidas e curadas por feiticeiros e magos pouco confiáveis. Teve a sorte lida por velhas bruxas e ciganas inimaginavelmente assustadoras.
Gostava do seu quarto, com suas cortinas fechadas e suas músicas ecoando na solidão. Gostava da chuva, das nuvens, do vento e tudo mais que fosse destrutível ao homem. Sentia o veneno da natureza em cada tormenta, e deliciava-se com essa pequena sintonia.
Era ele próprio um tanto quanto nocivo aos seus semelhantes. Odiava-os, amava-os e então odiava-os novamente. Inconstante, mas sempre pleno, sempre pleno...
E, pleno assim, entregou-se a cada conversa, a cada toque, a cada momento, como se todos fossem parte da plenitude da sua existência. Adoecia plenamente, mas se recuperava ainda mais plenamente. Apaixonava-se, desapaixonava-se. Aprendia, ensinava. Era ele o que fazia.

Discordou plenamente de tudo e de todos, até dos céticos, dos "do-contra", dos niilistas, dos metódicos, dos anarquistas... Discordou de si mesmo todas as vezes. Decidiu, patético, ser menos consistente, aceitar o fato de que a sua opinião era uma formação em constante evolução e desenvolvimento. E assim foi.

Um dia achou que se entendia; e enganou-se - mas desenganou-se. Não se compreendendo, trancou-se. E onde está o maldito aborto, senão na escuridão do seu quarto, com as cortinas fechadas e sua música ecoando na sua mente confusa...
Queria o céu e o inferno. Viveu os dois.

If you don't like things you leave for some place you've never gone before

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