domingo, 17 de abril de 2011

combinar

(Ao vê-la do outro lado da rua, soube logo o que fazer. Recitou para si próprio um verso de sua canção favorita, respirou fundo e atravessou a avenida em direção a ela, não sem antes ajeitar seu chapéu favorito na cabeça.)
(Ao vê-lo atravessando a rua em direção a si, ela diminuiu o passo, respirou fundo e mirou seu reflexo em uma vitrine. Achava-se comum demais. Pelo menos estava com seu vestido favorito.)

Ele fez uma reverência esquisita, derrubando sua cartola. Ela riu; um riso situado entre o constrangimento e a empatia - era desastrada também.
Ela juntou a cartola do chão, deu um tapinha para tirar a poeira e colocou-a na cabeça. A cartola cobria-lhe as orelhas e mais de metade dos olhos. Combinava de um modo inesperado com seu vestido roxo e com seus sapatos bem lustrosos. Talvez fosse o brilho da cartola, talvez fosse a cor, talvez fosse o mero fato de que eram indiscutivelmente feitos para combinar...

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