domingo, 1 de maio de 2011

almuerzo

Você senta à mesa. Larga a mochila no chão, ao lado da cadeira. Levanta-se, serve-se de salada e de suco. Você sabe que eu escolheria o de laranja, não o de melancia.
É o meu restaurante favorito - é o nosso restaurante favorito - e você se lembra disso a todo instante. Senta-se em um canto próximo à janela, na cadeira encostada na parede. Escora a cabeça no vidro e espera dois segundos; eu não vou chegar.
Você começa a comer, percebendo enfim que deixou vazia a cadeira de frente para a janela. Você gostava de sentar de frente pra janela, mas eu pedia tantas vezes e com tanta vontade (chantagem?) que agora você a deixava vazia até mesmo na minha ausência.
Você se serve de pratos quentes. Distraído, pega arroz com ervilha: eu não estou lá pra comer suas ervilhas. Come apressado, incluindo as ervilhas. "Bolinhas verdes de borracha" você dizia; eu sempre achei fossem mais que isso, mas hoje admito que você tinha razão.
Uma garota não tira os olhos de você; eu teria ciúme, diria que tinha visto você olhar para ela. Ou pior, ficaria em silêncio, séria, até que me perguntasse o que havia acontecido comigo. Eu teria que ser reconquistada, e você até gostaria do esforço... Mas você não dá bola para ela.
Cruza os talheres o prato e vai até o balcão de sobremesas. Lá estão a sua e a minha sobremesa favorita. Você pega a minha.

Eu também sinto a sua falta.

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