quinta-feira, 26 de maio de 2011

lejos

De vez em quando, sentia-se sozinho. Olhava ao redor, procurando um rosto amigo, uma palavra em sua língua, um gesto amigável. Às vezes , era a voz sobressalente de um turista de sua terra que o lembrava de seu próprio idioma.
De vez em quando, lembrava da falta que os detalhes faziam: um abraço especial, um sorriso, um "olá", na sua língua e com o seu sotaque. Pessoas, conhecidas ou não, mas que tivessem em comum a irmandade de terem nascido no mesmo lugar. Estranha fraternidade a dos conterrâneos!

Sentia-se sozinho. Sentia-se, às vezes, único, especial - porém, invasor. A Alice em um país de poucas maravilhas.
Talvez pior ainda fosse o peso da escolha que fazia diariamente. Escolhia estar ali, longe de casa, longe dela, longe de todos. Todos os dias, os olhares enviesados, as palavras secas, a falta de compaixão o impeliam a voltar. E ele não voltava.

Queria recriar a si próprio; começar algo novo, que pudesse chamar de "eu" com alguma naturalidade. Faria uma vida nova, com memórias novas e planos novos.
Estranhava seu estrangeirismo. Mas entranhava sua condição.

Um comentário:

  1. nesse eu vou ter que comentar. porque eu senti que eu sentiria(ei) isso e escreveria(ei) algo traduzido na minha língua disso. muito bom e sincero e ênfase no mas entranhava sua condição.

    e é a isa!

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