quarta-feira, 5 de maio de 2010

(n)o fim se vez de inválido

Levantei hoje meio frígido
Como se estivess'estático
Mas fiquei logo meio lépido;
Acordei num banho rápido,
Vesti-me com tremenda prática,
Saí para o complicado tráfego,
Tomei o transporte público
No ponto logo ali mais próximo.

O ônibus sacudia trêmulo
E o cobrador me encarava pálido
Como se nunca visse psicólogos
Lendo livros esotéricos;
Ele tinha muita prática
Em receber moedas mínimas,
Em contagens das mais básicas.

Quando saltei do veículo
Tossi minha tosse asmática
Expeli a fumaça tóxica
Que espalhava o ônibus.
Expulsei a poeira ínfima
Antes que chegasse no meu cérebro

Dei um trocado a um bêbado;
Embora uma quantia irrisória,
O suficiente para um lanchinho medíocre,
Se ele não gastasse em cachaças paupérrimas,
Servidas em garrafas plásticas
- aliviou minha consciência...

De volta ao meu caminho sistemático
Eu andava em passos tímidos
Temia chegar em tamanho êxtase
Para ver-te como vi na véspera,
Para beijar-te os lábios úmidos
E deixar-te querendo o último
Dos nossos beijos mágicos

Tropecei na mesma lajota típica
Meu tropeço diário
Embora eu achasse aquilo o cúmulo
Todos achavam hilário...

Estava à frente do edifício
Mas ele era quieto como cemitério
Não havia viv'alma naquele prédio
Não havia nenhum mistério:
Após tal jornada épica
Não veria minh'alma gêmea;
Saí com tanto estrépito,
(pra a ver estava histérico)
Esqueci, mas que estúpido,
Que era
um domingo

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