domingo, 23 de maio de 2010

no tempo que eu pensava em tempo (ou "a repetição de uma palavra a torna engraçada")

Eis uma pequena coisoquinha que eu escrevi há milanos e que eu encontrei esses dias. Sem correção, sem cortes nem nada:

"Tempo

Tempo que não perdoa, tempo que corre à toa
Tempo que passa, que corre, que voa
Tempo que dança, tempo que me cansa
Tempo que não existe; o que ao tempo resiste?

Tempo que não para, que não mente, que me diz,
Todo dia, tempo, tempo, meu algoz, minha paixão
Tempo que não some, que não aparece,
Tempo que eu não tenho, tampouco tempo não o vejo

Tempo de agora, temporal
Chuva no manancial,
Lágrimas em teu rosto
Tempo que as enxuga
Tempo que teu rosto enruga

Tempo que me chateia,
Tempo que me embosca,
Tempo que me sufoca,
Tempo que não passa, tampouco me transpassa
Tempo que não vem, tempo que não se tem
Tempo que corre, como o tempo que morre

Tempo do qual não fujo, tempo meu refúgio
Tempo minha perdição, tempo minha maldição

Tempo que mata, tempo que morre
Tempo de prata, tempo que corre

Tempo, tempo, por quanto tempo mais há de ser o tempo
Aqueles velhos tempos, estes novos tempos...
Tempo meu, tempo teu

Tempo que já se foi, tempo que já se deu
Tempo, eu grito: tempo!
Não me mata por enquanto
Tempo que me deixa aos prantos

Tempo de cá, tempo de lá
Tempo de ter, tempo de dar
Tempo meu amor, tempo o maior temor

Tempo que passa, que corre, que voa
Tempo que dança, tempo que me cansa
Tempo que não perdoa, tempo que corre à toa..."

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